Publicado 2021-12-30
Palavras-chave
- elites,
- tributação,
- desempenho do Estado,
- Chile,
- redistribuição
Como Citar
Copyright (c) 2022 Jorge Atria, Julius Duran, Simón Ramírez
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Resumo
O que pensam os grupos sociais mais endinheirados acerca do pagamento de imposto? Qual é a visão desses grupos a respeito do papel do Estado? Como essas percepções diferem do desempenho fiscal do Estado chileno? Embora o Chile seja considerado um dos países com a maior capacidade estatal na América Latina, a sua política de impostos compartilha várias características com países de menor rendimento na região, a saber, a limitada redistribuição e a retrógrada estrutura tributária, apresentam uma deficiente habilidade no enfrentamento à desigualdade. Este artigo se baseia em uma apurada análise do rendimento do Estado, incluindo a comparação do Chile com o Uruguai e Portugal, bem como 32 entrevistas com membros da elite econômica chilena. Neste artigo analisaremos as percepções da elite econômica em relação aos impostos e o papel redistributivo do Estado, assim como as divergências entre a qualidade dos gastos do governo e as percepções desta elite. A desconfiança das elites nas ações do Estado leva à falta de vontade ou indisponibilidade para pagar impostos, os quais, em primeiro lugar, são observados mais como um custo do que um instrumento para a promoção da solidariedade ou cooperação social. Além disso, se bem os impostos são percebidos como muito elevados, a efetividade da taxação de impostos dos contribuintes de maiores ingressos está em paridade com a das classes de menor renda. Por um outro lado, ressaltamos a necessidade de analisar o desempenho fiscal, considerando tanto o gasto quanto a arrecadação –incluindo os mais opacos indicadores tais como as despesas fiscais–, e, repensando estratégias de comunicação para apresentar com maior clareza o desempenho do Estado.