“A escola é nossa”: ressonâncias entre as ocupações estudantis e o Movimento Negro nas encruzilhadas da cidadania brasileira
Publicado 2023-01-30
Palavras-chave
- direito à educação,
- Lei 10.639/03,
- ocupações estudantis,
- juventude negra
Como Citar
Copyright (c) 2023 Fabiana A. A. Jardim, Uvanderson Vitor da Silva
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Resumo
A partir de revisão sistemática de literatura, o artigo analisa as articulações entre mobilizações políticas negras no Brasil e a questão do direito à educação como contexto para examinar as ocupações de escolas, ocorridas em 2016. Intentamos sublinhar a relação entre as práticas de luta por cidadania, empreendidas pelo Movimento Negro, e certa concepção de educação e registrar avanços na construção do sistema escolar brasileiro desde 1985. É destacada a introdução de políticas de reconhecimento da contribuição das populações africana, afro-brasileira e ameríndia para a História e a cultura nacionais e políticas de reparação, como as ações afirmativas, com reserva de vagas nas Universidades para população negra, indígena e comunidades tradicionais. A despeito de tais avanços, buscamos aprender, com as experiências das ocupações estudantis, os limites da cidadania e da escolarização produzidas nas últimas três décadas. O fim das ocupações foi sucedido pelo incremento das forças conservadoras sobre a educação e a juventude, mas longe de representar a fragilidade do movimento, isso indica seu imenso potencial de ruptura. Concluímos que os estudantes conseguiram fissurar concepções vazias sobre o direito à educação e a cidadania e experimentaram outros modos de sociabilidade escolar e participação política.